Na gíria são chamados de cordas mas, em marinharia ou na
pesca, tal termo não existe. As únicas cordas que existem são: a corda do
relógio, a corda do piano e (a)corda que se faz tarde! O termo correcto é
“cabo”.
O cabo é dividido em duas partes: as pontas e o seio, ou
seja, todo o prolongamento do cabo ou qualquer porção dele.
De forma a garantir a segurança
do pescador ou mariscador, que nunca deve ser descurada, são utilizados cabos de modo a apoiar nas decidas e subidas que requerem maiores cuidados e atenção.
Existem no mercado vários tipos
de cabos, com características e preços diferentes. Geralmente, o preço
varia em função da qualidade do cabo e do material com que é fabricado, se bem
que hoje em dia já se consigam arranjar bons cabos a preços acessíveis. O peso
dos mesmos também nos deve influenciar na sua escolha, pois, muitas das vezes,
temos que carregar mais do que uma fiada de cabo para o pesqueiro, o que poderá
envolver vários lances.
A sua textura é outro dos
aspectos fundamentais que temos que ter em consideração aquando da sua
aquisição porque existem cabos ásperos (que magoam as mãos), outros mais rijos (que dificultam a sua colocação nos sítios pretendidos) e outros mais
absorventes (que ensopam com a água e tornam-se mais pesados).
De entre os cabos mais
utilizados, destacam-se os de sisal, os de nylon, os de escalada e os de ráfia.
Sisal
O sisal (Agave sisalana) é uma planta originária do México e é a fibra
vegetal mais dura que se conhece. Estes cabos são dos mais antigos e a sua
origem remonta ao tempo dos Aztecas. São feitos a partir de fibras naturais e
apresentam uma grande resistência. O seu apogeu aconteceu nas décadas de 60 e
70 mas ainda existem alguns pescadores e mariscadores que utilizam este tipo de cabo,
nomeadamente os mais idosos, devido ao seu baixo preço.
Estes cabos são muito rijos,
ásperos e ensopam com a água, pelo que há muito tempo que deixaram de ser utilizados.
O seu peso, o surgimento de outros materiais e a pressão dos ambientalistas poderão
ter contribuído para o seu quase total desaparecimento.
Nylon
Como o seu nome indica, este cabo
é feito de uma fibra sintética denominada nylon. O seu uso ainda é frequente devido ao seu baixo preço e ao facto de não ensoparem. Já o seu
peso e a sua textura áspera fazem com que, cada vez mais, se opte por
outro tipo de cabos. Ainda é frequente ver-se este cabo em pesqueiros íngremes,
onde desempenha a função de auxiliar.
Escalada
Estamos perante o cabo de eleição
e o mais utilizado pelos pescadores! Este cabo é feito a partir de fibras sintéticas,
sobretudo nylon, e fibras naturais, como o algodão. O seu interior, onde está a sua força, é revestido por uma “capa” que o protege da fricção com a
rocha, evitando desta maneira que se desfie e parta, transmitindo total
confiança a quem dele faça uso. O seu elevado preço e o facto de ensopar com a
água poderão contribuir para que as pessoas optem por outros cabos no momento
da aquisição.
Ráfia
A ráfia é uma fibra natural feita
a partir de folhas de palmeira. As suas fibras são entrançadas, gerando um
cabo de elevada resistência e leveza. Este cabo tem a particularidade de não
ensopar. O seu peso é cerca de 50% menor em relação aos outros cabos.
Comparativamente a preços, pode-se dizer que é dos mais baratos. Pessoalmente, considero
este o melhor cabo e é o que uso com mais frequência.
Segurança, truques e dicas
-Verifique sempre o estado da
estaca ou da pedra onde vai prender o cabo;
-Utilize luvas para ter maior
aderência e não ferir as mãos caso o cabo deslize;
-Ao colocar o cabo
para descer, tenha sempre atenção para que não se enrole nos pés;
-Deve manter sempre o cabo entre as pernas durante a subida e a descida;
-Nunca devem descer, ou subir, duas
pessoas pelo mesmo cabo, ao mesmo tempo, pode algum escorregar e arrastar o
outro consigo. Também pode acontecer soltar-se uma pedra e embater na pessoa que vem
atrás;
-Isole o cabo nas pontas com
fita-cola resistente para não se desfiar;
-Não dê nós porque, ao encolher o
cabo, este se pode prender nas saliências e reentrâncias da rocha;
-Para mais fácil transporte,
acondicione o cabo em grandes seios, de forma a poder transportá-lo ao
tiracolo, ficando com as mãos livres;
-Utilize secções de mangueira, que deve enfiar no cabo, de forma a protege-lo de se danificar ao fazer fricção nas pontas aguçadas e
cortantes da rocha.
Fiada ou madeixa de cabo de ráfia (pode-se observar a mangueira e a ponta do cabo isolada com fita-cola) |
Muito importante!
Nunca se aventure em pesqueiros
de difícil acesso que não conhece. Vá sempre acompanhado por pessoas
conhecedoras e experientes.
Abraço e saudações piscatórias! ; ))
8 comentários:
Material didático!
Boa leitura eheh
Dalhe aí técnico!!!
Saúde!!
Boas Paulo,
Excelente POST! 5 Estrelas!! Só falta as coordenadas dos pesqueiros... LOL
Esses cabos trazem-me belas recordações!
Forte Abraço e Aperta com ELAS
Comé Cris,
Obrigado e aperta ai com as safatas ; )
Saúdinha! ; ))
Viva Manel,
Obrigado, esqueci-me do GPS LOL
É verdade, há muito tempo que não vamos lá aquele sitio. Ainda me lembro da minha prancha ir à reboleta arriba abaixo. eheheh
Saúde, da boa! ; ))
Boas Paulo bom post eu que pratico esse tipo de pesca, muitas vezes pomos a vida suspensa nesses cabos ,dai termos que ter total confiança neles,eu pessoalmente prefiro os de nylon pena ensopar de agua.
Grande abraço.
Comé Alex,
Epá, a ráfia é um cabo espectacular: adere bem à mão, macio, não pesa quase nada e barato, tens que experimentar! ; )
Saúdinha! ; ))
Mékié Paulo!!
Um grande post e muito bem explicado...
Agora só falta a arriba para descer e subir ;)
Grande e forte abraço
Viva Xico,
Obrigado! ; )
O que não faltam por cá são arribas pa subir e descer eheheh
Saúde, da boa! ; ))
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