segunda-feira, 8 de junho de 2009

Mais que um relato… é a (nossa) vida!!!

Quantas vezes abrimos o jornal ou a Tv e vemos que morreu mais um pescador desportivo? Essas são as notícias que temos conhecimento. E as outras que não se falam ou fala-se à boca pequena, porque não se quer que o assunto se espalhe? Mais que um facto, é uma realidade. Os acidentes na pesca acontecem! Agora temos é que preveni-los ou, no caso de acontecerem, tentar minimizá-los e aprender com eles. Foi o que se passou na minha penúltima pescaria.
Fui fazer mais uma pesca ilhada, e escolhi uma pedra em forma de rampa. Só o facto de a pedra apresentar esta forma, por si só, é um risco. Mas se lhe juntarmos o mar um pouco agitado, esse risco cresce exponencialmente. Esta pedra ilhada é composta por duas pedras, quase ligadas entre si, mas separadas por um salto de um metro. A pedra é formada por dois patamares, sendo que um deles fica, sensivelmente, a dois metros do nível do mar e o outro um metro acima deste.
Estava a pescar na pedra de fora e, de vez em quando, o mar vinha e chegava-me até aos joelhos. Mas nada de significativo. Até que vêm dois mares seguidos e eu pensei: “o primeiro não é grande e consigo aguentar-me, enquanto que o recuo do primeiro mata o segundo”. Só que não foi bem assim. O primeiro consegui aguentar-me, e o recuo deste ainda encapelou mais o segundo, devido ao relevo da pedra.
Resumindo e concluindo: levantou-se um mar que eu não previa. Soluções? Temos que ser rápidos a pensar e ainda mais rápidos a agir. Se não conhecermos o chão que pisamos, então estamos feitos. E se somos apoderados pelo medo, estamos fritos! Rapidamente, escudei-me por trás dum patamar e agarrei-me, com uma mão à rocha e outra à cana. O mar veio e lavajou a pedra toda, exercendo uma força tamanha que não aguentei. Era a força que ele fazia em mim, mais a força que fez na cana. Esta última, foi de tal forma, que tive que largar a pedra e deixar-me ir. Resultado: fui parar à água!
Depois de estar dentro de água, aquele mar que em cima da pedra parecia quase chão, de facto, era do tamanho de cerros. Nesta situação temos que manter a maior das calmas e tentarmos perceber qual é a situação em que nos encontramos. Esperar que o mar acalme, nadar para perto da pedra, colocar a cana em cima dela e subir para a pedra, de novo. Foi o que aconteceu.
Ao chegar em cima da pedra é que o coração disparou, e começou a bater que nem um louco. O susto já tinha passado. Era mais um para juntar a outros tantos. Continuei a pescar, e nesse dia, em duas horas e um quarto de pesca efectiva, apanhei vinte e sete Sargos, tendo devolvido à água seis por falta de medida. Desses vinte e sete, quinze foram seguidos. Uma iscada, um lançamento, um peixe. Os peixes variavam entre as 300gr e as 700gr. Pesquei ao reboliço com uma linha 0,24mm 100% fluo, onde coloquei um chumbo de correr, em forma de oliva, com 12gr e um anzol 1/0. O isco utilizado foi o Ralo.



Abraço e saudações piscatórias

3 comentários:

Fernando Encarnação disse...

Viva, pois é...

Mais que um relato trata-se da nossa integridade física, nossas famílias, etc, não existe peixe que valha uma vida e como diz o velho ditado, "Há mais marés do que marinheiros".

Que se poderá concluir da tua experiência?

Que devemos parar e observar com algum tempo o mar, o mar falso é pior do que um mar mexido, porque nos dá uma aparente tranquilidade que por vezes se torna um inferno.

Resta ver que tiveste sorte, felizmente, mas tenta pensar se tivesse dado para o torto, quando foste arrastado tivesses batido com a cabeça numa pedra e ficado inconsciente?...

Pois é caro amigo, vamos lá a ter mais cuidado, apesar de ser mais um susto entre muitos outros...

Pela pesca que fazes e pelos relatos dá a entender que até tens um certo cuidado com o mar, mas lembra te que nem tudo é o que aparenta e por vezes somos confrontados com pouco tempo para pensar.

No meu caso felizmente ainda não tive nenhuma situação dessas e acredita que já arrisquei bastante, calculado ou não, com sorte ou não, continuo cá, não o faço mais, acredita, estou mais velho, mas apesar de tudo ainda tenho aquela paixão pela adrenalina das pescas ilhadas, trato bem o físico e os upgrades que os anos de caça submarina e apanha de perceves me deram, foram marcantes para que até hoje não me tenha acontecido nada, mas nunca nos devemos fiar, pois aquele gajo (mar) não tem amigos.

Grande abraço e da-nos relatos bons...

;)

PêJotaFixe disse...

Amigo Sargus,
A situação foi bem controlada, senão veja: havia três hipóteses. 1ª Jogava-me ao mar antes dele galgar a pedra; 2ª Enfrentava-o; 3ª Escudava-me na pedra e esperava que ele passa-se por cima. Optei por esta última. Esta situação já me tinha acontecido várias vezes naquela pedra porque costumo lá mariscar. Com a cana na mão foi a primeira vez. A força que o mar fez na cana é que me levou à água. Como conheço bem a zona e sei que à volta daquela pedra não tem pontas de pedra ou laredos, fiquei tranquilo. Os riscos têm que ser sempre bem medidos antes de uma pessoa se fazer ao mar. Mas não é a primeira vez nem há-de ser a última, porque espero ainda postar muitos artigos e relatos neste Blog.

Abraço e saudações piscatórias

Fernando Encarnação disse...

Viva PJ.

Ainda bem que a situação foi bem controlada.

Quanto as 3 hipóteses:

1ª Jogava-me ao mar antes dele galgar a pedra; É a opção mais viável quando não temos hipotese de refugio ou existem muitos arrifes.

2ª Enfrentava-o; Nunca, a não ser com o mar com pouca força, qualquer onda que nos chegue ao joelho é suficiente para nos derrubar se vierem com força.

3ª Escudava-me na pedra e esperava que ele passa-se por cima. Foi sem duvida a melhor opção, aquela que se utiliza quando se anda a mariscar, tipo a rocha corta toda a força de água formando um escudo, mas existe o problema de sermos levados por uma elevadia.

Concordo contigo, pois antes de pescarmos ou mariscarmos deveremos conhecer bem a zona, o mar e o que esta por baixo de água, avaliarmos duas ou mais fugas possiveis para diferentes condições, isso é meio caminho para não termos grandes problemas, mas o risco continua lá e à que não facilitar.

Boas Postagens ;)

P.S. Estive com o Tony no sabado, estivemos a falar sobre isso ;)